Há 11 anos, o país parou para ver ao vivo o drama de reféns no Jardim Botânico
A cidade do Rio de Janeiro reviveu na noite desta terça-feira (9) o episódio do ônibus 174, ocorrido em 12 de junho de 2000. Desta vez, o cenário era outro: em vez do bairro nobre do Jardim Botânico (zona sul), a tentativa de assalto que terminou com cerca de 20 passageiros reféns ocorreu na principal avenida do centro do Rio. Quando o ônibus parou na pista sentido zona norte da Presidente Vargas, sob o poder de três criminosos, a lembrança era do caso que chocou o país há pouco mais de 11 anos.
Tal como daquela vez, o Bope cercou o veículo e iniciou as negociações. O drama durou cerca de duas horas até a libertação dos passageiros e a rendição dos bandidos.
Há 11 anos, Sandro Nascimento agiu sozinho. À época, especialistas classificaram o caso, que ganhou as páginas da imprensa internacional, como um dos exemplos mais emblemáticos de intervenção policial desastrosa. As câmeras de TV transmitiram ao vivo as cinco horas de tensão vividas pelos reféns. No comando do crime, havia um homem visivelmente transtornado pelo consumo de drogas, que mantinha passageiros sob a mira de um revólver.
Ele entrou no ônibus para cometer um assalto, mas, de repente, se viu cercado por policiais, repórteres e curiosos. Atiradores de elite povoaram o Parque Lage, mas nenhum tiro foi efetuado nas diversas vezes em que o bandido pôs a cabeça para fora do ônibus.
Após longa negociação, os homens foram liberados e Sandro passou a manter apenas mulheres no veículo. A estudante Luana Guimarães foi quem ficou mais tempo com o criminoso e escrevia as ameaças ditadas por ele nos vidros com um batom.
Entre períodos de agitação e calmaria, o sequestrador gritava que queria fazer justiça aos “irmãozinhos” mortos na Candelária. Segundo investigações, ele teria escapado da chacina em 1993 ao se fingir de morto perante o ataque.
Durante o sequestro, alguns tiros já tinham sido disparados por Sandro e havia a suspeita de que um passageiro estava ferido dentro da condução, precisando de atendimento imediato. Quando os policiais pareciam dispostos a entrar, o sequestrador começou a descer as escadas. Nessa hora, ele usou a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo.
Os dois haviam dado alguns passos na rua, quando o agente do Bope Marcelo Santos se aproximou e disparou. O tiro, no entanto, saiu errado e atingiu a professora, que foi alvejada outras vezes por Sandro nas costas. O bandido foi dominado e levado sem ferimentos para um camburão da polícia, onde morreu asfixiado. Na tentativa de se livrar dos policiais, ele chegou a estourar um dos vidros do veículo com o pé. Geísa foi levada às pressas para o hospital, mas morreu.
O caso virou tema para dois filmes nacionais. O primeiro foi um documentário dirigido por José Padilha em 2002, chamado Ônibus 174. O outro foi uma ficção nomeada Última Parada 174, com Bruno Barreto como diretor em 2008
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